A continuidade da aplicação do horário de verão será uma decisão da
Presidência da República. Após a conclusão de estudos que mostram que o
horário de verão não proporciona economia de energia, o Ministério de
Minas e Energia (MME) decidiu encaminhar a questão para instâncias
superiores.
Prevendo polêmica, já que o assunto divide
opiniões e tem amantes e detratores, o governo estuda fazer uma enquete
nas redes sociais para deliberar sobre o assunto. O ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha, evitou dar um posicionamento prévio. O presidente
Michel Temer é quem vai bater o martelo sobre a questão, segundo apurou
o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Se
vigorar neste ano, o horário de verão começa em 15 de outubro e termina
em 17 de fevereiro.
"Tendo
em vista as mudanças no perfil e na composição da carga que vêm sendo
observadas nos últimos anos, os resultados dos estudos convergiram para a
constatação de que a adoção desta política pública atualmente traz
resultados próximos à neutralidade para o consumidor brasileiro de
energia elétrica, tanto em relação à economia de energia, quanto para a
redução da demanda máxima do sistema", informou o MME.
"Desta
forma, o MME encaminhará o assunto à Casa Civil para avaliação da
pertinência da manutenção do horário brasileiro de verão como política
pública nos próximos anos, considerando a influência nos demais setores
da sociedade", acrescentou o ministério.
A conclusão dos
estudos sobre a aplicação do horário de verão já havia sido informada
pelo Broadcast em junho. Na época, o MME já havia constatado que a
mudança nos hábitos do consumidor e o avanço da tecnologia tornaram
inócua a economia de energia que o horário de verão proporcionava no
passado. Autoridades do setor elétrico atribuíram sua manutenção a
"questões culturais".
De acordo com esses estudos, não é
mais a incidência de luz natural que influencia os hábitos do
consumidor, mas, sim, a temperatura. A popularização dos aparelhos de
ar-condicionado é uma das principais razões dessa mudança.
Como
o calor é mais intenso no fim da manhã e início da tarde, os picos de
consumo são registrados atualmente nesse período. De acordo com dados do
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o horário de ponta ocorre
entre 14h e 15h, e não mais entre 17h e 20h.
No passado, o
horário de maior consumo de energia era registrado entre 17h e 20h,
quando os trabalhadores retornavam para casa e tomavam banho. Para dar
mais folga e segurança ao sistema, adiantar os relógios em uma hora
permitia, por exemplo, adiar o acionamento da iluminação pública nas
ruas. Isso deslocava parte da demanda e diminuía a concentração do uso
de energia, reduzindo custos do sistema elétrico.
Em 2016,
de acordo com dados do MME, o horário de verão durou 126 dias e gerou
uma economia de R$ 159,5 milhões ao sistema. O custo é considerado
irrelevante para o setor. A primeira vez que o País o adotou foi em
1931. Desde 1985, ele foi aplicado todos os anos.
Nos
países desenvolvidos, o horário de verão é mais extenso do que no
Brasil. Na Europa, vigora de março a outubro; nos Estados Unidos, México
e Canadá, de março a novembro; na Austrália, de outubro a abril; na
Nova Zelândia, de setembro a abril.
cp.
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