A Justiça decretou a prisão temporária de 12 pessoas suspeitas de
integrarem uma organização criminosa que explora a dor das famílias
quando perdem um ente querido para a obtenção de lucro para funerárias.
São os chamados “papa-defuntos”.
Neste caso, duas células agiam de forma ainda mais grave,
interceptando a frequência dos rádios de comunicação da Polícia Civil do
DF, em busca de informações sobre mortes naturais comunicadas às
delegacias.
Com esse dado, integrantes do esquema procuram diretamente as
famílias, apresentando-se como funcionários do Instituto de Medicina
Legal (IML) ou do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO). Chegando lá,
eles faziam um trabalho de convencimento para que o corpo não seja
transportado pelo IML com o argumento de que este será cortado e aberto.
Esse esquema criminoso é alvo da Operação Caronte, deflagrada nesta
manhã (26/10), pelos promotores do Núcleo de Controle Externo da
Atividade Policial (NCAP), da 4ª Promotoria de Defesa da Saúde (Prosus) e
da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dis Usuários de Saúde
(Provida), em parceria com a Corregedoria-geral da Polícia Civil do DF.
O nome da operação é uma referência ao barqueiro, da mitologia grega,
que carrega as almas das pessoas que acabaram de morrer pelas águas que
dividiem o mundo dos vivos do dos mortos.
A operação envolve o NCAP e a Corregedoria-geral da Polícia Civil,
mas não há até o momento suspeita de envolvimento de policiais civis. A
investigação apontou que os criminosos usam um rádio que capta a
frequência da PCDF.
Há evidências de participação de um médico, de um servidor da
Secretaria de Saúde e de um vigilante do Hospital Regional de
Taguatinga. Eles participam do esquema, seja passando informações sobre
mortes que acabaram de ocorrer ou que estão para acontecer, seja
emitindo o atestado de óbito, para facilitar o trabalho de intermediação
entre as famílias e as funerárias.
Além das prisões provisórias, a Justiça autorizou o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão nos endereços dos suspeitos.
Na casa de um dos suspeitos, que é médico, os investigadores encontraram uma espingarda .44.
P.G.
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