A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, indicou em entrevista
coletiva nesta sexta-feira, que vai pedir a impugnação com base na Lei
da Ficha Limpa da eventual candidatura à Presidência do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, líder das pesquisas de intenção de voto e
que, mesmo preso desde abril, já anunciou que pretende concorrer.
Perguntada
sobre a impugnação de Lula, Dodge disse, sem citar nominalmente o
petista, que a orientação do Ministério Público Eleitoral é dar
"tratamento uniforme" a todas essas questões, "qualquer que seja o cargo
disputado".
"Tomaremos evidentemente todas as medidas necessárias para que
aqueles que não são elegíveis tenham resposta pronta da Justiça
Eleitoral", destacou ela, ao apontar que essa atitude também será tomada
em eventuais casos de candidatos a presidente da República.
Lula
foi condenado pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do
tríplex do Guarujá (SP).
Dodge --que também é chefe do Ministério
Público Eleitoral-- afirmou que no momento não há candidaturas
registradas e a atuação do órgão vai ocorrer somente neste momento.
Somente após o registro de candidaturas, cujo prazo final é no dia 15 de
agosto, é que o Ministério Público poderá se manifestar.
A chefe
do Ministério Público anunciou, após se reunir com procuradores que
atuam na área eleitoral nos Estados nesta sexta, uma instrução para que
os integrantes do MP que atuam nessa área ajuízem ações para enquadrar
na Lei da Ficha Limpa condenados por órgão colegiado ou que cujo
processo tenha transitado em julgado, quando não há mais possibilidade
de recorrer.
OBSTÁCULOS
A procuradora-geral ressalvou que,
embora deseje uma resposta "célere, rápida e definitiva" da Justiça
Eleitoral, a legislação prevê a figura do candidato sub judice, que tem
condições de permanecer no processo eleitoral.
"Um deles é o
artigo 16-A da Lei das Eleições, que dá tratamento específico ao que a
lei chama de candidato sub judice, permitindo a ele uma série de
regalias ou garantias durante o processo eleitoral que na ausência dessa
norma não teria. No entanto, estamos nos preparando para impulsionar
com celeridade essas decisões judiciais", afirmou.
A procuradora
destacou que a expectativa do MP é que prevaleça a Lei da Ficha Limpa e
que a intenção do órgão é usar o "menor número de dias" possível para
fazer questionamentos a serem julgados pela Justiça Eleitoral.
Dodge
citou ainda que, de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, cabe
recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que, se houver uma
manifestação favorável da Suprema Corte, o candidato pode continuar a
fazer campanha.
A procuradora-geral disse que, nos casos em que
ficar comprovado que um candidato inelegível tenha feito campanha se
valendo de recursos públicos, vai propor o ressarcimento das verbas dos
fundos eleitoral e partidário judicialmente.
"Recursos públicos usados para campanha eleitorais só podem ser usadas por candidatos elegíveis", disse ela.
FAKE NEWS
A
procuradora-geral disse que o MP vai atuar para combater a disseminação
na campanha das notícias falsas, as chamadas fake news. Segundo ela, um
dos objetivos é impedir a propagação delas, sem que se valha da censura
prévia para isso.
"O Ministério Público pode fazer é fortalecer a
posição do eleitor para que reconheça que uma notícia inverídica que
está sendo utilizada e que precisa exercitar sua própria cidadania para
repelir e não replicar notícias dessa natureza", afirmou.
Ela
reforçou que o órgão pode pedir providências para que esse tipo de
notícia não cause danos em relação a outro candidato ou ao próprio
eleitor, mas garantiu que MP tem "compromisso com a liberdade de
expressão".
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