Sextou e não poderia ser da melhor forma: nesta sexta-feira (13)
comemora-se o Dia Nacional da Cachaça, bebida que nasceu junto com o
Brasil, há cerca de 500 anos. O destilado – símbolo da cultura e
identidade do país – ganhou uma data a partir de projeto de lei em 2009,
hoje em tramitação no Senado Federal.
O 13 de setembro foi escolhido como o Dia da Cachaça pelo IBRAC
(Instituto Brasileiro da Cachaça) e a decisão tem uma história por trás.
Foi nessa data que a Corte Portuguesa assinou, em 1661, a permissão
para a comercialização da bebida em terras tupiniquins, impulsionada
pela Revolta da Cachaça, que aconteceu um ano antes e teve como estopim o
aumento de impostos excessivamente cobrados aos fabricantes da
aguardente.
Segundo o diretor executivo do IBRAC, Carlos Lima, a cachaça é uma
bebida que esteve presente em diversos momentos positivos e negativos da
história do Brasil. “Durante aquele período da separação de Portugal,
por exemplo, a elite portuguesa tomava vinho do porto, e a elite
brasileira bebia cachaça, o que já era um sinal de resistência associada
à bebida. Então, em vários momentos da história brasileira a cachaça
estava presente. Durante o ciclo do ouro, na semana de arte moderna
também, em que a Tarsila do Amaral colocou a caipirinha como a bebida da
semana de arte", comenta.
"Mas ela está presente também inclusive em momentos muito negativos da
nossa história, como o da escravidão em que a cachaça era usada como
moeda de troca”, relembra.
Hoje a cachaça é a segunda bebida alcoólica mais consumida pelos
brasileiros, atrás somente da cerveja – que também não pode faltar na
mesa do bar. A bebida à base de açúcar é exportada para mais de 60
países e é um dos quatro destilados mais consumidos em todo mundo.
“O mundo inteiro produz destilados de grande qualidade, mas o grande
diferencial que eu vejo na cachaça é a utilização de diversos tipos de
madeira na armazenagem da bebida. Muitos países utilizam carvalho
francês ou carvalho americano, que é uma excelente madeira para
armazenamento e envelhecimento de destilados. Nós utilizamos 30 tipos de
madeira diferentes no armazenamento. O que faz com que você tenha
bebidas completamente diferentes dentro do próprio universo da cachaça,
mas ao mesmo tempo você está falando da mesma bebida”, afirma o diretor.
A cachaça é conhecida por diversos nomes, como abençoada, beijo-de-copo
e jeitosa, e é cada vez mais reconhecida pela versatilidade, aromas e
estímulos sensoriais ideais para reinventar drinks famosos, tais como o
mojito, dry Martini e margarita. “A versatilidade da cachaça e essa
riqueza que existe hoje por trás do produto vem fazendo com que ele se
popularize cada vez mais. É a riqueza cultural, a regionalidade. É uma
bebida produzida no Brasil inteiro e mesmo assim ela mantém uma
regionalidade, assim como o próprio brasileiro”, comenta Lima.
Para ele, o destilado ainda carrega um significado pejorativo, de uma
bebida marginalizada. No entanto, ele afirma que isso está mudando.
“Existe uma questão pejorativa. Historicamente a cachaça carrega esse
estigma de uma bebida marginalizada. Mas o que a gente vem observando é
que isso está mudando. Não na velocidade que nós gostaríamos que
estivesse, mas isso vem mudando”, avalia.
“É importante a gente trazer sempre a mensagem de que álcool é álcool.
Então tanto o álcool da cerveja quanto o álcool da cachaça, você está
falando da mesma coisa. O que muda ali é a dose de consumo”, completa.
R7
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