O Facebook anunciou uma nova marca para seus produtos, em uma tentativa
de distinguir a empresa de seu principal serviço de rede social.
Os aplicativos Instagram e WhatsApp estão entre os serviços que usarão a
nova marca. Mas a rede social que leva o nome da empresa manterá sua
conhecida marca azul.
O novo logotipo, em letras maiúsculas, usa uma "tipografia
personalizada" e "cantos arredondados" para que os outros produtos e
aplicativos da empresa pareçam diferentes.
A marca também emprega cores diferentes, dependendo do produto que representa. Por exemplo, será verde para o WhatsApp.
"Queríamos que a marca se conectasse com o mundo e com as pessoas", disse o Facebook. "O sistema dinâmico de cores faz isso."
O diretor global de Marketing do Facebook, Antonio Lucio, disse que "as
pessoas devem saber quais empresas fabricam os produtos que usam.
Começamos a ser mais claros sobre os produtos e serviços que fazem parte
do Facebook anos atrás. Essa mudança é uma maneira de comunicar melhor
nossa estrutura".
A senadora e pré-candidata à Presidência dos EUA Elizabeth Warren disse
querer obrigar grandes empresas de tecnologia como Facebook, Amazon e
Google a se desmembrar e colocá-las sob uma regulamentação mais rígida.
Esse plano pode ser visto como a maneira de o Facebook reagir, embora
Warren tenha dito, em um post na própria rede social, que "o Facebook
pode mudar a marca de tudo que quiser, mas não pode esconder o fato de
ser grande e poderoso demais. É hora de dividir as grandes empresas de
tecnologia".
Distanciar a marca do Facebook, visto como uma rede social mais
tradicional, do Instagram, mais moderno, sempre fez sentido para os
negócios do Facebook, escreve o repórter de tecnologia da BBC Dave Lee.
"E aparentemente funcionou: quando os pesquisadores do instituto Pew
perguntaram aos participantes de um estudo se o Facebook era dono ou não
do Instagram ou do WhatsApp, 49% dos adultos americanos disseram não
ter certeza."
Lee aponta que a nova mudança traz vários benefícios para o Facebook.
"A empresa esconde o quão poderosa é realmente, não deixando
absolutamente claro que está por trás da maioria dos maiores aplicativos
das redes sociais", diz Lee.
"Também quer combater os esforços para acabar com essa situação,
afirmando que não é simplesmente um conglomerado de aplicativos
separados e distintos que podem ser facilmente desmembrados pelos órgãos
reguladores. Em vez disso, é um grande organismo conectado, chamado
Facebook."
O Facebook foi criticado recentemente por uma série de outras questões.
Seu presidente, Mark Zuckerberg, teve de comparecer perante
legisladores americanos no mês passado para explicar aPublicidade
Também teve de defender seus planos para criar uma moeda digital, falar
sobre o fracasso da empresa em combater a exploração infantil na rede
social e foi questionado sobre o escândalo de dados da Cambridge
Analytica.
No início do ano, Zuckerberg disse que a empresa faria alterações em
suas plataformas sociais para melhorar a privacidade. Isso incluía
mensagens enviadas pelo Messenger sendo criptografadas de ponta a ponta e
ocultando o número de curtidas que uma postagem do Instagram recebe.
'Se não está quebrado, não tente consertar'
Várias outras grandes empresas tentaram mudar sua marca no passado, com diferentes graus de sucesso.
Em 2001, a British Airways desistiu de seus planos de remover a
bandeira vermelha, branca e azul da União de suas aeronaves e
substituí-la por "imagens do mundo". No mesmo ano, o serviço postal
britânico Royal Mail mudou de nome como Consignia, mas voltou para o
original um ano depois.
A Dunkin' Donuts retirou os "Donuts" de seu nome no ano passado para
tentar conquistar mais espaço na indústria do café, e o valor de suas
ações continuou a subir depois disso.
E a controladora das empresas de apostas Paddy Power e Betfair trocou
de nome em meio deste ano. Deixou para trás a combinação do nome dessas
duas empresas e passou a operar como Flutter Entertainment, para "melhor
refletir a diversidade do grupo empresarial".
Manfred Abraham, executivo-chefe da consultoria Brandcap, avalia que, no caso do Facebook, "será uma jogada bem-sucedida".
"A marca-mãe permanece forte, apesar dos problemas recentes, e lembra
aos consumidores que o Instagram e outros serviços são todos empresas do
Facebook. Isso ajudará na associação cruzada entre os consumidores",
afirma Abraham.
"Essa mudança não é surpreendente, porque segue uma tendência de
simplificação. Muitas organizações estão escolhendo uma identificação
visual forte, mas discreta, em favor da simplicidade."
No entanto, Abraham diz ter sido uma decisão acertada do Facebook
deixar o logotipo de sua principal plataforma de mídia social como está.
"O site principal do Facebook não precisa de uma nova marca. O velho
ditado é válido: se não estiver quebrado, não tente consertar."
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