Silencioso e com potencial de provocar grandes danos ao longo do tempo,
o diabetes atinge 14,5 milhões de brasileiros. Entre 40% e 50% deles
não sabem que têm a doença, segundo estimativas da SBD (Sociedade
Brasileira de Diabetes).
Nesta quinta-feira (14), Dia Mundial do Diabetes, médicos alertam sobre
a necessidade de diagnosticar o quanto antes o problema e iniciar o
tratamento, que, se estiver em fase inicial, pode até mesmo ser
corrigido com mudanças no estilo de vida em alguns pacientes.
"O diabetes é uma doença silenciosa. Muitas pessoas têm uma alteração
na glicemia, mas isso não causa sintomas. Quando eles aparecem - perda
de peso, fraqueza, sede excessiva, urinar em excesso - é porque os
níveis de açúcar no sangue já estão muito elevados", ressalta o
endocrinologista Fernando Valente, coordenador de comunicação da SBD e
professor da Faculdade de Medicina do ABC.
Primeiramente, é preciso entender que existem dois tipos de diabetes. O
tipo 1, que afeta cerca de 10% dos pacientes, é uma doença autoimune
que reduz a capacidade do pâncreas de produzir insulina - hormônio
responsável por metabolizar o açúcar no sangue. Geralmente, esse
diabetes aparece na infância ou adolescência e é controlado com o uso de
insulina.
Os outros 90% dos diabéticos possuem o tipo 2 da doença, que se
desenvolve com mais frequência em adultos. Nesses casos, além de fatores
genéticos, obesidade, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica em
excesso e maus hábitos alimentares também são fatores de risco.
A idade aumenta a chance de desenvolver diabetes tipo 2 porque as
células do pâncreas vão perdendo a capacidade de processar o açúcar ao
longo da vida.
"O tecido muscular consome glicose. Se há perda de massa muscular,
também é menor a capacidade de retirar açúcar do sangue", acrescenta
Valente, ao ressaltar a importância de se praticar atividade física.
O endocrinologista Renato Zilli, do corpo clínico do Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo, explica que em mais de 90% dos casos, "as
alterações metabólicas [no pâncreas] começam até 20 anos antes de
surgirem as doenças cardiovasculares", principal causa de mortalidade
entre indivíduos diabéticos.
"Quanto mais cedo você descobrir, mais você consegue manter sob
controle e evitar as complicações, como infarto e derrame. Cerca de 50%
das pessoas que têm diabetes vão morrer de infarto e 25%, de derrame."
A circulação de sangue com altos níveis de glicose no organismo,
durante muitos anos, causa danos aos órgãos e tecidos. O diabetes
lesiona os vasos sanguíneos e provoca o estreitamento deles.
Consequentemente, haverá menos sangue para áreas importantes do corpo.
Além de infarto e acidente vascular cerebral, há chance de problemas em
outras partes do corpo. Nos olhos, leva à retinopatia diabética e
cegueira; nos rins, de nefropatia diabética (doença renal crônica); e
nos nervos, causa neuropatia diabética (incluindo diminuição da
sensibilidade nos pés e até amputação de membros, em casos severos).
Pacientes com diabetes tipo 2 são mais suscetíveis a ter quadros
infecciosos por bactérias ou fungos, já que a doença afeta também o
sistema imunológico.
Diferentemente do que muitas pessoas pensam, o consumo de açúcar não é o
principal causador de diabetes. Alimentos ricos em açúcar são
prejudiciais porque podem desencadear um aumento de peso.
A obesidade faz com que o corpo fique mais resistente à insulina,
necessitando de níveis mais altos para manter normais as taxas de
glicose no sangue. Por outro lado, quem tem tendência genética a
desenvolver diabetes precisa controlar a ingestão de açúcar desde cedo,
até mesmo de alimentos como batata inglesa, arroz branco e farinha
branca.
O diabetes tipo 2 afeta entre 80% e 90% das pessoas acima do peso ou
obesas. Normalmente, são pacientes que apresentam outros problemas de
saúde potencialmente fatais e silenciosos, ressaltam os médicos: a
hipertensão arterial e o colesterol. Juntos, essas três doenças aumentam
significativamente a chance de um infarto ou acidente vascular
cerebral.
Pessoas acima do peso, sedentárias, com histórico familiar de diabetes
ou mulheres que tiveram diabetes gestacional devem fazer uma checagem
periódica dos níveis de açúcar no sangue. "É uma doença que se
identifica muito facilmente", observa Zilli.
Ele diz que o ideal é fazer o exame de glicemia (coleta de sangue) em
jejum. Os níveis de glicose no sangue depois do jejum nunca devem ser
superiores a 125 mg/dl. Mesmo após a alimentação os níveis de glicose no
sangue não devem ultrapassar 199 mg/dl.
O teste que tira uma gota de sangue da ponta do dedo pode ser um
aliado. "Se vier acima de 200 mg/dl, com outros sintomas, é um
indicativo de diabetes", afirma o endocrinologista do Hospital
Sírio-Libanês. Nesses casos, testes adicionais de coleta de sangue devem
ser feitos.
Alguns indivíduos apresentam um quadro chamado de pré-diabetes, em que a
glicemia em jejum no hemograma fica entre 100 mg/dl e 125 mg/dl. É uma
espécie de "sinal amarelo", mas uma situação que pode ser revertida com
mudanças no estilo de vida, que incluem perder peso, fazer atividades
físicas e adequar a alimentação.
R7
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