A Federação Maranhense de Futebol vive em
briga com um dos maiores clubes do Nordeste. Conflito que tumultua o
torneio estadual em 2018. O Moto Club de São Luís, segundo maior campeão
do Estado (25 títulos), exige a mudança da tabela, reclama de um
diretor da entidade e insinua ser prejudicado. A Federação descarta as
queixas e acusa o presidente da agremiação de fraude.
O Moto Club entrou em 17 de novembro do ano passado com mandado de
garantia no TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) do Maranhão. A
reclamação era com o formato do torneio. Acusa o vice-presidente de
competições da Federação, Hans Joseph Nina Höhn, de falta de
transparência na elaboração da tabela.
Hans Nina é ex-presidente do Moto Club e renunciou ao cargo em novembro
de 2016 ao alegar problemas de saúde.
"O senhor Hans Nina não possui capacidade técnica para elaborar tabelas e
regulamentos, pois não possui formação de educador físico, a qual é o
único profissional apto a exercer tal função", diz o texto da
representação do clube, ao qual a reportagem teve acesso.
Para apresentar o mandado de garantia, o Moto Club teria de pagar R$ 2
mil de taxas e anexou comprovante de depósito ao entregar documento à
Federação Maranhense. De acordo com o presidente da entidade, Antônio
Américo Lobato Gonçalves, a quitação foi fraudada pelo presidente da
agremiação, Celio Sergio.
"O documento é fraudulento. Fomos ao Tribunal de Justiça apresentar isso
e foi verificado. O dinheiro não entrou na conta da Federação. Nós não
queremos criar conflitos entre os clubes, mas esse pagamento é uma
fraude", disse à reportagem o mandatário da Federação Maranhense.
Na resposta da entidade entregue ao Tribunal de Justiça Desportiva, a
Federação foi ainda mais incisiva.
"(...) uma tentativa grotesca do impetrante de levar estre tribunal ao
erro, levando a instauração do procedimento sem sequer arcar com a parte
que lhe cabe na ação", diz o documento da entidade.
A Federação ainda acusa o Moto Club de usar este tipo de fraude de
maneira "contumaz" e cita ação trabalhista ajuizada pelo jogador Diego
Sousa Teles, em que teria acontecido a mesma coisa.
"O presidente do Moto Club veio aqui e pediu para a gente esquecer o
assunto, que houve um erro. Eu ouvi e não disse nada. O presidente falou
que viria hoje [nesta quarta] retirar o mandado de garantia. Até agora
não aconteceu", completa Antônio Lobato Gonçalves.
A Folha tentou durante toda esta quarta (3) falar com Celio Sergio, mas
ele não atendeu às ligações em seu celular nem retornou os recados
deixados no telefone do Moto Club.
PUNIÇÕES
De acordo com a Federação, a fraude poderia levar à exclusão do Moto
Club do Estadual. Haveria também a possibilidade de interpelar na
Justiça comum o presidente da agremiação por falsidade ideológica.
"Não vamos fazer isso [excluir a equipe] porque a torcida e o clube não
têm nada a ver com isso", descarta o presidente da Federação.
O Campeonato Maranhense dá ao campeão uma vaga na Série D do Brasileiro e
também oferece um lugar na Copa do Nordeste. Neste ano, os
representantes do Estado nas competições serão o Sampaio Corrêa e
Cordino.
No documento enviado ao TJD do Maranhão, o Moto Club alega que esses
dois times foram favorecidos na tabela e que, por causa disso, terá de
viajar mais que os rivais no Estadual. Também discorda do formato da
competição.
As oito equipes vão se enfrentar em turno único e as quatro melhores se
classificarão para as semifinais em jogos de ida e volta. A final também
será em duas partidas. Assim, os finalistas vão atuar apenas 11 vezes. O
Moto Club alega que o melhor era fazer um sorteio e dividir os times em
dois grupos de quatro cada, com confrontos em ida e volta dentro da
chave.
A Federação descartou a ideia por falta de datas.
"É ano de Copa do Mundo", justifica Antônio Américo Lobato Gonçalves.
No Conselho Arbitral que definiu a fórmula e a tabela, o Moto Club
mandou um representante, que ficou até o final da reunião, mas se
recusou a assinar o documento. A primeira rodada está marcada para 20 de
janeiro.
ALEX SABINO
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