Mostrando postagens com marcador Fumar maconha deteriora qualidade de espermatozoides. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fumar maconha deteriora qualidade de espermatozoides. Mostrar todas as postagens

sábado, 14 de dezembro de 2019

Fumar maconha deteriora qualidade de espermatozoides

O médico da Divisão de Clínica Urológica do HC (Hospital das Clínicas), Jorge Hallak, ficou intrigado com a aparente pior qualidade do sêmen de seus pacientes usuários de maconha.
 Estudo acompanhou mais de 1.000 pacientes
Essa dúvida se tornou uma ampla pesquisa, que lhe rendeu o prêmio da Associação Americana de Andrologia de 2019. O urologista acompanhou mais de mil pacientes por 19 anos e demonstrou o mecanismo de lesão celular causado pelo THC (tetra-hidrocanabinol) nos espermatozoides.O THC é o derivado psicoativo da Cannabis. Hallak, que é professor da Faculdade de Medicina da USP, argumenta que existem poucos ensaios clínicos sobre os efeitos da substância no médio e no longo prazo. 

Em seu artigo, ele identifica a formação de radicais livres de oxigênio dentro da membrana celular dos gametas masculinos. Ou seja, além de uma simples redução da produção de espermatozoides, “o DNA reprodutivo fica sujeito a risco de alteração”, conta ao Jornal da USP no Ar.

Na pesquisa, o urologista trabalhou quatro grupos como objetos. Usuários de maconha por períodos prolongados, de oito a dez anos; fumantes; pacientes pré-vasectomia que tiveram filhos nos últimos 12 meses; homens diagnosticados com infertilidade.

No escopo da saúde reprodutiva masculina, os efeitos do THC foram piores do que o do consumo do tabaco. O cigarro também facilitou a produção de radicais livres, só que em menores quantidades e externamente aos gametas. Em prazos estendidos, os resultados da maconha eram semelhantes ou piores aos daqueles já inférteis.

O médico deixa claro que a comparação com o tabaco se dá somente nesse âmbito.

“O cigarro é uma tragédia da saúde pública”, diz. Ele também defende que o debate sobre o uso recreacional da maconha deve ocorrer sob a luz da ciência. Como faltam pesquisas sobre os efeitos colaterais da inalação da fumaça produzida pela queima da maconha, o urologista recomenda que o uso de derivados da Cannabis seja feito por spray, óleo ou comprimido. Canabidiol e canabinol são os produtos medicinais, que não são psicoativos.

Toda escolha na medicina é feita a partir de uma avaliação de riscos, de acordo com Hallak.

“A quimioterapia é nociva, mas faz sentido no tratamento de um câncer”, esclarece.

Muitos dos pacientes do urologista minimizam o consumo da maconha com outros detalhes de sua rotina, como exercícios físicos e alimentação saudável, por exemplo.

Isso não basta para fazer receita médica e tampouco para política pública, conta o médico, esperando que seu ensaio dê evidências importantes aos gestores nessa discussão.







R7