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BRASÍLIA - O dono das construtoras UTC e Constran,
Ricardo Pessoa, disse em sua delação premiada que
fechou diretamente com o senador Edison Lobão
(PMDB-MA) o repasse de R$ 1 milhão em propinas e que
o acerto, segundo ele, incluía atender com atenção
especial a pedidos de doação eleitoral feitos pela
cúpula do PMDB no Senado. Lobão era ministro de
Minas e Energia e, conforme Pessoa, a suposta propina
milionária serviria para garantir contratos de consórcio
integrado pela UTC nas obras da usina nuclear Angra 3,
em Angra dos Reis (RJ).
Um consórcio formado por UTC, Camargo Corrêa,
Andrade Gutierrez e Odebrecht — todas investigadas na
Operação Lava-Jato e suspeitas de integrarem o “clube
do cartel” — executa as obras. O grupo venceu uma
concorrência no fim de 2013 para obras em Angra 3, no
valor de R$ 3,1 bilhões. Por ter saído vencedor, o
consórcio optou por um pacote de obras que inclui
edificações não nucleares, no valor de R$ 1,75 bilhão.
Com o êxito da contratação, o dono da UTC disse ter
interpretado que o acordo da suposta propina a Lobão
deveria estender benefícios aos caciques do PMDB no
Senado. Os registros das doações no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) corroboram o que Pessoa afirmou na
delação. A direção do PMDB em Alagoas, controlada
pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-
AL),
recebeu um repasse da UTC de R$ 500 mil em agosto
outro de R$ 500 mil em setembro de 2014. O filho de
Renan, Renan Filho (PMDB), foi eleito governador de
Alagoas. Já a direção do PMDB de Roraima —
controlado pelo senador Romero Jucá — foi financiada
com três repasses de R$ 1,5 milhão ao todo, também
em agosto e setembro de 2014. A direção do PMDB na
Bahia ganhou R$ 300 mil da UTC, conforme os registros
do TSE, e a direção nacional do partido, mais R$ 500 mil.
Ainda conforme a delação, Pessoa afirmou que
repassaria às demais empreiteiras do consórcio a
necessidade de ratear a suposta propina a Lobão e de
dar atenção especial a doações aos demais
representantes do PMDB no Senado. Pessoa enxergava
em obras de usinas nucleares um filão para garantir à
UTC a presença no grupo das maiores empreiteiras do
país. Na delação, ele citou outros pagamentos para a
participação em Angra 3: o advogado Tiago Cedraz,
filho do presidente do Tribunal de Contas da União
(TCU), Aroldo Cedraz, recebeu R$ 50 mil mensais para
influir em processos do tribunal, mais R$ 1 milhão
sobre um processo de Angra 3, conforme o empreiteiro.
O advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida, diz
que “delações em série perderam a confiança”.
Segundo ele, depoimentos do doleiro Alberto Youssef e
do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já se
contradiziam sobre um suposto repasse de R$ 1 milhão
em propina.
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