segunda-feira, 29 de junho de 2015

Tratou Propina de 1 Milhão Diretamente com Senador Edson Lobão-diz Delator


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BRASÍLIA - O dono das construtoras UTC e Constran, 

Ricardo Pessoa, disse em sua delação premiada que 

fechou diretamente com o senador Edison Lobão 

(PMDB-MA) o repasse de R$ 1 milhão em propinas e que 

o acerto, segundo ele, incluía atender com atenção 

especial a pedidos de doação eleitoral feitos pela 

cúpula do PMDB no Senado. Lobão era ministro de 

Minas e Energia e, conforme Pessoa, a suposta propina 

milionária serviria para garantir contratos de consórcio 

integrado pela UTC nas obras da usina nuclear Angra 3, 

em Angra dos Reis (RJ).

Um consórcio formado por UTC, Camargo Corrêa, 


Andrade Gutierrez e Odebrecht — todas investigadas na 

Operação Lava-Jato e suspeitas de integrarem o “clube 

do cartel” — executa as obras. O grupo venceu uma 

concorrência no fim de 2013 para obras em Angra 3, no 

valor de R$ 3,1 bilhões. Por ter saído vencedor, o 

consórcio optou por um pacote de obras que inclui 

edificações não nucleares, no valor de R$ 1,75 bilhão.


Com o êxito da contratação, o dono da UTC disse ter 

interpretado que o acordo da suposta propina a Lobão 

deveria estender benefícios aos caciques do PMDB no 

Senado. Os registros das doações no Tribunal Superior 

Eleitoral (TSE) corroboram o que Pessoa afirmou na 

delação. A direção do PMDB em Alagoas, controlada 

pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-

AL), 


recebeu um repasse da UTC de R$ 500 mil em agosto 

outro de R$ 500 mil em setembro de 2014. O filho de 

Renan, Renan Filho (PMDB), foi eleito governador de 

Alagoas. Já a direção do PMDB de Roraima — 

controlado pelo senador Romero Jucá — foi financiada 

com três repasses de R$ 1,5 milhão ao todo, também 

em agosto e setembro de 2014. A direção do PMDB na 

Bahia ganhou R$ 300 mil da UTC, conforme os registros 

do TSE, e a direção nacional do partido, mais R$ 500 mil.

Ainda conforme a delação, Pessoa afirmou que 

repassaria às demais empreiteiras do consórcio a 

necessidade de ratear a suposta propina a Lobão e de 

dar atenção especial a doações aos demais 

representantes do PMDB no Senado. Pessoa enxergava 

em obras de usinas nucleares um filão para garantir à 

UTC a presença no grupo das maiores empreiteiras do 

país. Na delação, ele citou outros pagamentos para a 

participação em Angra 3: o advogado Tiago Cedraz, 

filho do presidente do Tribunal de Contas da União 

(TCU), Aroldo Cedraz, recebeu R$ 50 mil mensais para 

influir em processos do tribunal, mais R$ 1 milhão 

sobre um processo de Angra 3, conforme o empreiteiro.


O advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida, diz 

que “delações em série perderam a confiança”. 

Segundo ele, depoimentos do doleiro Alberto Youssef e 

do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já se 

contradiziam sobre um suposto repasse de R$ 1 milhão 

em propina.


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