Analisar através de
uma visão crítica as relações sociais no Brasil foi e tem sido até hoje uma
tarefa difícil, até mesmo pelo fato de que o país por muito tempo possuiu e
para alguns, ainda possui uma imagem de nação onde há democracia racial. Porém,
ao avaliar as várias dimensões das relações existentes entre indivíduos negros
e “brancos”, (“raça branca” inexiste no Brasil, haja vista a miscigenação
evidente), de fato torna-se perceptível que os negros sempre estiveram em
posições de desigualdade em relação à oportunidade de emprego, à educação, à
saúde etc.
E por mais absurdo
que possa parecer, há ainda muitos indivíduos imbuídos de propagar racismo,
porque não querem aceitar que os negros possam ter direito a fazer parte das
relações e práticas sociais como todo e qualquer cidadão pertencente a qualquer
uma das outras raças consideráveis aqui no Brasil, por, segundo eles (os
racistas), serem destituídos de capacidades intelectuais ou quaisquer outras.
Na realidade, tudo isso não passa da ignorância assentada no ódio e na maldade,
direcionando-se para o racismo (preconceito que está relacionado à cor de pele,
em especial).
Sabemos, no entanto,
que a discriminação com relação à população negra não é de agora e que ela sempre
existiu ao longo da história como um fenômeno social. Porém, o racismo tal como
concebemos hoje é um conceito relativamente recente. Surgiu essencialmente como
uma justificativa da escravidão e do colonialismo, opondo-se aos movimentos
abolicionistas emergentes.
O racismo é uma
teoria construída sob a égide da pureza e separação da raça, respaldada em uma
falsidade cultural ou científica que nasce em meados do século XVIII, mas que
eclode no século XIX, período em que vão surgir as teorias sobre as diferenças
entre raças. E ainda considerado como a manifestação do preconceito e da
discriminação que permeiam as relações de raças em uma sociedade. Foi com base
nessas teorias sobre diferença entre raças, que o então chamado racismo
científico ganha corpo nas grandes nações mundiais. No Brasil, o seu
desdobramento na política e na sociedade do período, tornou-se assunto
amplamente debatido entre os historiadores, sociólogos, antropólogos e
cientistas políticos. Ressalte-se que foram essas mesmas teorias raciais que
impulsionaram as desigualdades entre os seres humanos e por meio do conceito de
“raça” puderam classificar a humanidade.
Na realidade vigente,
o que não se pode mais aceitar é que em pleno século XXI, o preconceito racial possa
persistir a continuar ocorrendo de maneira tão perversa. Sabe-se que a
realidade da população negra, mesmo após abolição escravocrata, ocorreu sempre
de forma desumana, mas ainda assim, é possível acreditar em dias melhores e
esses dias melhores, firmam-se na certeza da mudança de mentalidade e postura
dos indivíduos. E que da parte dos Poderes Constituídos, medidas possam sempre
ser tomadas de maneira inteligente, para dessa forma, lutarmos pela erradicação
do racismo. Da parte dos cidadãos
sensatos, fica a responsabilidade pela conscientização do respeito, da causa do
outro, do sentimento empático das dores do próximo, para que, adotados por todos,
isso venha a se caracterizar como sendo uma luta em comum. Afinal, sejamos “a mudança que queremos ver no
mundo”.
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