Condenado em um processo da Operação Lava Jato, réu em outros seis e
denunciado em mais três, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
uniu a sua defesa jurídica com a luta para projetar sua candidatura à
Presidência. Além de apontar perseguições nas ações que enfrenta, o
petista começou a construir o discurso que levará as urnas: acusará o
presidente Michel Temer (PMDB) de desmontar os sistemas de proteção
trabalhista e previdenciária e defenderá um plebiscito sobre as reformas
econômicas. Também vai argumentar a favor da retomada do consumo e dos
investimentos estatais como forma de reaquecer a economia. A principal
pendência da sua candidatura é jurídica: condenado a nove anos e seis
meses de prisão pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá,
pode ficar de fora da disputa caso tenha a sentença confirmada em
segunda instância no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
Mesmo com uma decisão negativa, no entanto, ele deve continuar tentando
alguma solução judicial nas instâncias superiores para manter a sua
candidatura. Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em 4 de
dezembro, Lula lidera a disputa em todos os cenários de primeiro turno
(com percentuais que vão de 34% a 37% dos votos).
Depois de muita disputa interna, precisando enfrentar até seu afilhado
político João Doria, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se
consolidou como o candidato do PSDB à sucessão de Temer. Ficaram para
trás o prefeito de São Paulo, que caiu nas pesquisas, e Aécio Neves
(MG), que chegou a ser afastado do Senado após a eclosão das delações da
JBS. De quebra, assumiu a presidência do partido por aclamação numa
tentativa do tucanato de acalmar as suas divisões internas. O Instituto
Teotônio Vilela, braço teórico do PSDB, lançou o documento "Gente em
primeiro lugar: o Brasil que queremos", conjunto de ideias e propostas
que incluem, ao mesmo tempo, um "choque de capitalismo", com
privatizações e fim da estabilidade de servidores, e um "estado
musculoso", com regulações e cobrança de impostos de mais ricos. Alckmin
deve apostar em ser o nome do centro ideológico em 2018, entre Lula (à
esquerda) e Jair Bolsonaro (à direita).
Capitão
da reserva do Exército, o polêmico deputado federal Jair Bolsonaro
(hoje no PSC, mas prestes a deixar o partido) vai se lançar pela
primeira vez na disputa a um cargo executivo, após mais de 25 anos no
Congresso Nacional. Com u
m histórico de declarações controversas em
relação a negros, gays e mulheres, Bolsonaro tenta se aproximar da pauta
econômica liberal, passando a defender uma agenda de privatizações,
alinhada aos interesses do mercado. Em viagens e palestras pelo país,
bem como nas redes sociais, é apoiado vorazmente por militantes que
defendem seu discurso, conservador nos costumes e radical contra o
"comunismo".

Candidato
nas eleições de 1998 e 2002 pelo PPS, Ciro Gomes volta a ocupar a lista
de postulantes à Presidência da República quinze anos depois.
Ex-governador do Ceará, ex-ministro da Fazenda (governo Itamar Franco) e
da Integração Nacional (governo Lula), Ciro se filiou ao PDT já com
ares de pré-candidato em 2015, passando a falar publicamente nessa
condição a partir deste ano. O pedetista, que faz oposição ao governo
Temer, deve adotar um discurso mais à esquerda, defendendo uma
intervenção forte do Estado na economia como forma de combater a crise
econômica.
A
ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente bateu na trave duas vezes.
Em 2010, pelo PV, e em 2014, pelo PSB, ela foi candidata à Presidência
da República e ostentou altas votações no primeiro turno: cerca de 20
milhões de votos em ambas as eleições, que lhe renderam o terceiro posto
na corrida presidencial. Desde 2015, quando fundou a Rede
Sustentabilidade, seu nome é cotado como uma possível alternativa para
as próximas eleições, o que se confirmou com o anúncio de sua
pré-candidatura no início de dezembro. Seu discurso para as próximas
eleições deve ser baseado no desenvolvimento sustentável, oscilando
entre direita e esquerda conforme os temas pautados.
O
senador paranaense, que nunca conseguiu um espaço para seus anseios
presidenciais no PSDB, mudou duas vezes de partido na atual legislatura,
mas encontrou um abrigo para o seu projeto. Alvaro Dias passou pelo PV
entre 2015 e 2017, quando participou da refundação do PTN e da adoção do
novo nome da sigla, Podemos, que o tem desde o primeiro dia como
pré-candidato. O ex-tucano deve se focar em um discurso ético contra a
corrupção, como tem feito em casos recentes, como a condenação de Lula
por Sergio Moro, as acusações contra Michel Temer e o afastamento de
Aécio Neves (PSDB) do Senado.
Em
entrevista no evento Amarelas ao Vivo, o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles (PSD), prometeu decidir até o final de março se será candidato
à sucessão do chefe, Michel Temer. Exaltando números positivos da
economia em público e fazendo articulações políticas em privado,
Meirelles tenta se cacifar para disputar o cargo como o candidato de
continuidade do governo. O ministro já procurou o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM), para tentar costurar uma aliança. No programa
eleitoral do PSD divulgado no dia 21 de dezembro, ele ocupou quase a
totalidade dos dez minutos destinados à propaganda do partido.
Ex-deputada
federal e hoje deputada estadual do Rio Grande do Sul, Manuela D´Ávila
(PCdoB) pode ser a primeira candidata à Presidência da República da
história dos comunistas, que desde 1989 fazem alianças sistemáticas com o
PT. Ela foi anunciada no congresso do partido como o nome para o
Planalto e descarta desistir para uma aliança com a candidatura de Lula.
Os aliados do ex-presidente, por outro lado, ainda esperam que o PCdoB
volte para a órbita do PT e trabalham com a hipótese de Manuela ter como
objetivo ser vice de Lula na disputa. O petista foi ao congresso do
PCdoB em novembro, quando o nome de Manuela foi lançado, e elogiou
bastante a deputada - disse que ninguém deveria ficar surpreso se ele
aparecesse no palanque dela.
Fundador
do Partido Novo, legenda que se gaba por não utilizar recursos do Fundo
Partidário e por fazer processos seletivos para definir candidatos, o
empresário João Dionísio Amoêdo, ex-sócio do banco BBA, é o provável
nome da legenda para 2018. Amoêdo foi apresentado em novembro como
pré-candidato e já se afastou do comando do partido, pré-requisito para
estar nas urnas, segundo o regulamento interno do Novo. Seu principal
guru econômico deve ser o economista Gustavo Franco, ex-presidente do
Banco Central no governo FHC, que deixou o PSDB para assumir a Fundação
Novo.
Presidente
do BNDES, o economista Paulo Rabello de Castro é a alternativa do PSC
após a definição da provável saída de Jair Bolsonaro do partido. Rabello
incorpora a mudança no direcionamento do partido cristão, que passou a
focar menos as pautas conversadoras nos costumes e começou a se
concentrar na defesa liberal de um estado mínimo. Antes do BNDES,
Rabello comandou também o IBGE.
VEJA.

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