O governo federal estima fazer até o fim
deste ano 1,2 milhão de perícias em benefícios pagos pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), segundo o ministro interino do
Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, em entrevista ao portal G1.
O pente-fino nos auxílios-doença e
nas aposentadorias por invalidez foi anunciado em 2016 e, segundo
Beltrame, foram feitas até dezembro do ano passado 249,8 mil perícias,
que resultaram no cancelamento de 226,2 mil auxílios-doença.
Quando a revisão foi anunciada, o
governo informou que o objetivo era “colocar uma tampa sobre os ralos
que estão abertos”, de forma a eliminar pagamentos a pessoas que não têm
direito a receber benefício.
Para o governo alcançar o número de 1,2
milhão de perícias, porém, parte dos 3.864 peritos do INSS terá de
aderir a uma nova forma de trabalho que, segundo Alberto Beltrame,
levará em conta a produtividade.
O novo modelo, diz o ministro interino,
flexibilizará o cumprimento da jornada de trabalho e levará em conta,
por exemplo, as atividades diárias executadas pelos peritos.
O perito que aderir ao novo modelo, terá
de realizar quatro perícias diárias (em auxílios-doença e em
aposentadorias por invalidez) e se colocar à disposição de mutirões
quando o ministério julgar necessário.
As novas regras foram publicadas nesta
segunda-feira (15) no “Diário Oficial da União” e os peritos
interessados terão até 30 dias para informar se pretendem aderir ao novo
sistema – Beltrame estima a adesão de pelo menos 1,5 mil profissionais.
Para o ministro em exercício, ao
recompensar os peritos por produtividade, garantindo pelo menos quatro
perícias diárias por profissional, o INSS poderá revisar em média 120
mil benefícios por mês, chegando ao número de 1,2 milhão de revisões
ainda neste ano.
O pente-fino
O governo iniciou em agosto de 2016 o
pente-fino nos benefícios por incapacidade pagos pelo INSS. Até o
momento, a revisão priorizou o auxílio-doença, nos casos de pessoas que
há mais de dois anos não passam por revisão médica no INSS.
A consulta de revisão é obrigatória e atesta se permanece ou não a condição que impede o beneficiário de trabalhar.
Já no caso da aposentadoria por
invalidez, deve passar pela revisão quem tem menos de 60 anos de idade e
está há dois anos ou mais sem passar por perícia.
Ficam de fora pessoas com mais de 60 anos e quem tiver 55 anos e receber o benefício há pelo menos 15 anos.
O beneficiário incluído no pente-fino
recebe uma carta de convocação. Depois da notificação, tem até cinco
dias úteis para agendar a perícia pela Central de Antedimento da
Previdência Social, no telefone 135.
Caso contrário, o benefício fica
suspenso até a regularização da situação. A partir do bloqueio, o
beneficiário tem mais 60 dias para marcar a perícia. Se não procurar o
INSS, o benefício será cancelado.
Benefícios pagos
Segundo o MDS, o INSS pagava em 2016 1,8
milhão de auxílios-doença a cada mês e, em dezembro de 2017, o número
caiu para 1,4 milhão. A previsão, acrescenta o governo, é encerrar 2018
com 1,1 milhão de benefícios pagos todos os meses.
Dos 226.273 auxílios-doença cancelados até dezembro do ano
passado, 199.572 foram cortados após a perícia, enquanto os
demais 26.701, por não agendamento ou não comparecimento do beneficiário
ao exame obrigatório.
O novo sistema para os peritos
O novo modelo, voltado para a produtividade dos peritos, não valerá somente para as tarefas ligadas ao pente-fino do INSS.
Pelo novo sistema, o perito acumulará
pontos conforme as tarefas realizadas durante do dia, entre as quais
perícias, atendimentos domiciliares e análises processuais, de exames e
de laudos.
Quem cumprir a meta diária, poderá sair mais cedo do trabalho, por exemplo.
“Por segurança, para garantir a
qualidade do atendimento, o sistema não permite realizar 30 perícias em
uma hora. Cada perícia tem duração mínima de 15 a 20 minutos”, explicou
Beltrame.
“Mesmo que tente, o perito não
conseguirá cumprir sua meta em uma hora de trabalho e ir embora, pois
haverá mecanismos de controle que impedirão isso”, acrescentou.
Segundo o ministro interino, até então, o
trabalho dos peritos do INSS era aferido pela assiduidade, ou seja,
conferindo se o profissional cumpria as horas contratadas.
De acordo com Beltrame, o profissional
que aceitar o novo modelo de produtividade poderá cumprir serviços
burocráticos pelo computador, acessando o sistema do INSS, inclusive os
existentes em outras agências do instituto pelo país.
Fonte: G1

Nenhum comentário:
Postar um comentário