Interrogados pela polícia dos Estados Unidos, os pais de 13 irmãos
não puderam "dar qualquer explicação razoável" para uma barbárie
revelada nessa segunda-feira (15/1) no povoado de Perris, na Califórnia,
a sudoeste de Los Angeles. Crianças e adultos eram mantidos
acorrentados e com fome em meio à sujeira. Os algozes eram os próprios
pais, identificados como Louise Anna Turpin e David Allen Turtpin. O
resgate só foi possível após o ato de coragem de uma das vítimas, uma
jovem de 17 anos que conseguiu escapar do cativeiro com um celular que
encontrou no lugar.
Segundo a polícia local,
assim que deixou a casa, a adolescente conseguiu telefonar para o
serviço de emergênia 911 e pedir ajuda para os demais irmãos, entre 2 e
29 anos de idade, que ficaram presos. Policiais afirmaram que a vítima
estava "magérrima" e aparentava ter 10 anos. Após a denúncia, eles
foram até a residência do casal e constataram a barbárie: várias pessoas
acorrentadas às camas em meio à sujeira do local, que tinha um cheiro
terrível. Ainda não se sabe por quanto tempo eles permaneceram lá.
A princípio, a polícia pensou que se tratava de 12 menores, "desnutridos e muito sujos", mas depois percebeu que havia sete adultos, com entre 18 e 29 anos. Seis das 13 vítimas (incluindo a adolescente que fugiu) eram menores. A mais nova tinha apenas dois anos. Após serem soltas, as vítimas foram alimentadas e estão recebendo tratamento, enquanto os serviços de defesa da infância abriram uma investigação.
Denunciados
por tortura, cárcere privado e por colocar os filhos em risco, os pais
foram levados presos. As autoridades norte-americanas fixaram uma fiança
de 9 milhões de dólares. Durante o interrogatórios, segundo a polícia,
eles não puderam "dar qualquer explicação razoável sobre por que motivo
mantinham os filhos acorrentados."
Vizinhos se sentem culpados
Uma
das vizinhas do casal Turpin, Kimberly Milligan, disse em entrevista ao
jornal Los Angeles Times que havia percebido muitas coisas eram
estranhas na família. "As crianças eram muito pálidas, tinham o olhar
vazio e nunca saíam para brincar, apesar de serem numerosos". Ela também
relatou que acreditava-se na região que os jovens estudavam em casa,
algo relativamente frequente nos Estados Unidos. "Sentíamos que havia
algo estranho mas não queríamos pensar mal daquela gente", afirmou.
Agora a vizinha se sente terrivelmente culpada: "Como é que ninguém viu
nada"?
Pai registrado como diretor de colégio particular
David
Turpin tem um registro no Diretório Escolar da Califórnia, como diretor
do colégio particular Sandcastle Day School. A instituição, segundo a
polícia, teria sido inaugurada em março de 2011, cujo endereço é o mesmo
da residência dos Turpin. De acordo com a investigação, a escola teria
apenas seis estudantes, com entre 10 e 18 anos, em graus diferentes, de
acordo com os últimos dados do departamento estadual de educação.
Os Turpin declararam falência no mesmo ano em que abriram a escola,
com uma dívida acumulada de entre 100 mil e 500 mil dólares, revelam
documentos judiciais citados pelo jornal The New York Times. Atualmente,
David Turpin estava trabalhando como engenheiro para o grupo de defesa
Northrop Grumman, com um salário anual de 140 mil dólares. Já Louise
aparece como dona de casa.
Retratos de casamento
Em
uma página do Facebook, intitulada David-Louise Turpin, há o registro
de fotos dos dois no que parece ser uma cerimônia de casamento. Louise
Turpin aparece com um vestido branco. David está de terno e o casal é
rodeado por 13 crianças ou jovens. As meninas, de cabelo longo e
castanho, estão com o mesmo modelo de vestido púrpura com estampado
escocês, excepto uma bebê, vestida de fúcsia. Os meninos aparecem todos
como o mesmo corte de cabelo de David Turpin.
O
casal aparece diante de um homem vestido como Elvis Presley segurando
um microfone, como nas cerimônias de casamento "kitsch" de Las Vegas. O
mais estranho é que nas fotos não aparecem outras pessoas, como
convidados por exemplo. Em outra foto, de abril de 2016, revela David e
Louise Turpin rodeados de 13 jovens, todos sorridentes, com jeans e
camisas vermelhas. Outra foto mostra a bebê vestida com uma camiseta
onde se pode ler: "Mamãe me ama".
Com informações da France Presse

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