A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta
terça-feira (4) um alerta para o aumento do risco de câncer de pele
não-melanoma decorrente do uso cumulativo do medicamento
hidroclorotiazida, utilizado para tratamento da hipertensão arterial e
para controle de edemas.
“A descoberta foi realizada por meio de estudos epidemiológicos que
demonstraram uma associação dose-dependente cumulativa — que ocorre
quando a dose utilizada de um determinado medicamento está diretamente
relacionada com seus efeitos — entre o medicamento em questão e o câncer
de pele não-melanoma”, informou a Anvisa.
De acordo com a agência, em um dos estudos, foi possível notar também
uma possível associação entre câncer de lábio e a exposição ao
medicamento. “Ações fotossensibilizadoras da hidroclorotiazida, que
facilitam a sua absorção pela pele, podem atuar como um possível
mecanismo para a doença”.
A Anvisa considerou ainda as recomendações do Comitê de Avaliação de
Riscos em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos para
classificar como plausível a associação entre o aumento do risco de
câncer de pele não-melanoma e o uso em longo prazo de medicamentos
contendo hidroclorotiazida.
Recomendações
Por meio de comunicado, a agência solicitou que os profissionais de
saúde informem aos pacientes tratados com hidroclorotiazida sobre o
risco de câncer de pele – sobretudo aqueles que já fazem uso do fármaco
em longo prazo. Eles também devem ser orientados a verificar
regularmente a pele quanto a novas lesões e a notificar imediatamente o
profissional sobre qualquer tipo de lesão cutânea suspeita.
A orientação da Anvisa é que o tratamento não seja interrompido antes
que os pacientes consultem o médico. “Lesões cutâneas suspeitas devem
ser prontamente examinadas, incluindo exame histológico de biópsias.
Medidas preventivas, tais como limitação da exposição à luz solar e aos
raios ultravioleta, podem ser realizadas no intuito de minimizar o risco
de câncer de pele. O uso de hidroclorotiazida pode ser revisto em
pacientes com histórico de câncer de pele não-melanoma”.
A inclusão das novas informações de segurança nas bulas de todos os
medicamentos que contêm o princípio ativo hidroclorotiazida será
imediatamente solicitada pela agência.
Câncer de pele
O câncer de pele não-melanoma compreende os tumores mais comuns, que
ocorrem principalmente em pessoas de pele clara, após exposição solar
por longo tempo. Geralmente, apresentam apenas crescimento local, mas
não cicatrizam ou se curam sem tratamento e tendem a aumentar com o
tempo, podendo causar deformação, dor e sangramento.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que esse é o
tipo de câncer mais frequente no Brasil e corresponde a 30% de todos os
tumores malignos registrados no país. Se detectado precocemente, a
doença apresenta altos percentuais de cura. Entre os tumores de pele, o
tipo não-melanoma é o de maior incidência e de mais baixa mortalidade.
Monitoramento
A Anvisa informou que monitora continuamente os medicamentos
comercializados no Brasil e reforçou que profissionais de saúde e
pacientes notifiquem os eventos adversos ocorridos com o uso de qualquer
medicamento.
A comunicação de suspeitas de eventos adversos pelos pacientes pode ser feita por meio do formulário, pela Central de Atendimento ao Público (0800 642 9782) ou pela Ouvidoria (ouvidori@tende)
Para os profissionais de saúde, a Anvisa disponibiliza o sistema Notivisa em caso de notificação de eventos adversos.
Por Agência Brasil

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