As operadoras de telecom têm buscado alternativas para melhorar o
desempenho financeiro. Isso ocorre porque a taxa de crescimento nesse
segmento tem desacelerado nos últimos anos. O Brasil chegou ao fim do
primeiro trimestre do ano com 228,88 milhões de linhas móveis em
operação, o que representa queda de 2,93% no total de linhas no país em
12 meses (-6,91 milhões).
Por isso, empresas
como a TIM se voltaram para novas oportunidades. A operadora italiana
começou, há um ano, projeto para levar o serviço de banda larga para as
propriedades rurais do interior do país. Nesse período, fechou parceria
com três empresas do agronegócio. Agora, parte para uma fase mais
agressiva de expansão a partir da participação, pela primeira vez, na
Agrishow, maior evento do setor, que começou ontem, em Ribeirão Preto
(SP).
Rafael Marquez, diretor de marketing do segmento corporativo da TIM
Brasil, diz que a estreia na Agrishow marca a chegada oficial da
operadora no setor do agronegócio, levando cobertura 4G para o campo. “A
estratégia tem a ver com o fato de o Brasil já ter ultrapassado mais de
uma linha por habitante, ou seja, esse mercado que engloba a população
urbana está praticamente ocupado. Mas, nesses anos todos, foi deixada de
fora a maior área do país, a rural. Um quarto do Produto Interno Bruto
(PIB) vem do agronegócio. Não atender a esse segmento é um
contrassenso”, detalha o executivo.
Com o
segmento da pessoa física bem-atendido, a TIM tem como foco a maior
geração de negócios no universo corporativo, ou seja, no B2B, e isso
vale também para o agronegócio. Segundo Marquez, esse é um setor que tem
demandado cada vez mais tecnologia, “mas que não está conectado”.
“Agora, estamos endereçando como modelo de negócio. Isso tem sido
impulsionado pela chamada ‘limpeza do espectro’, ocorrida com a
transição da TV analógica para a TV digital”, afirma.
O
diretor da TIM explica que o aumento da oferta de banda larga no campo
terá impacto direto no ganho de eficiência, já que permitirá ao produtor
rural tomar decisões em tempo real. “Se o Brasil não se conectar, vai
ficar para trás. Isso porque outros importantes competidores do
agronegócio, como os Estados Unidos, já estão muito avançados nessa
área.”
A TIM espera que a expansão da banda
larga no campo e em áreas remotas conte com apoio governamental para
deslanchar. Isso significa, entre outras coisas, convencer o poder
público a abrir mão de arrecadação para que seja concedido o benefício
da redução fiscal.
“Já começamos a conversar
com órgãos de fomento, como bancos privados e públicos, e esse assunto
será levado durante a Agrishow. Queremos mostrar que, sem a desoneração,
não será possível dar escala ao negócio e levar ajuda ao médio e
pequeno produtores”, avalia Marquez.
O
executivo lembra que, sobre a área de telecom, há a incidência de uma
série de tributos, em diferentes fases do negócio e em distintas esferas
do Executivo. Ele cita, por exemplo, o ICMS e o PIS/Cofins. “Nossa
proposta é que essa desoneração tributária seja discutida para que o
Brasil possa avançar em tudo que for relacionado à Internet das Coisas
(IoT, na sigla em inglês) e, assim, ser mais competitivo”, avalia.
Cobertura
Essa
é uma das pautas de um grupo lançado ontem na Agrishow e do qual a TIM
faz parte. O ConectarAGRO, formado também pelas empresas AGCO, Climate
FieldView, CNH Industrial, Jacto, Nokia, Solinftec e Trimble, tem como
pauta principal a conectividade do agronegócio brasileiro e a promoção
de ambiente favorável de acesso à internet móvel nas diversas regiões
agrícolas brasileiras.
Essas empresas pretendem
promover a adoção de soluções abertas, inicialmente com a utilização da
rede 4G na faixa de 700MHz, tecnologia global que permite a cobertura
mais eficiente no campo.
Pelos cálculos da TIM,
o investimento para implantar a tecnologia da rede 4G é de até meia
saca de soja por hectare, avaliado pelo executivo como custo baixo em
relação ao retorno possível. Segundo Marquez, o investimento em
cobertura de rede aumenta a produtividade em cerca de 1% na primeira
safra, o que já paga o investimento.
Até agora, a TIM foi a única operadora a fazer parte do
ConectarAGRO. “Estamos mobilizando o setor público e privado, puxando um
movimento, mas esse não é um grupo fechado.” A expectativa com o
ConectarAGRO é acelerar a expansão da cobertura 4G e chegar a cerca de
10% da área cultivada brasileira até o fim de 2019.
Atualmente,
a TIM conta com três grandes clientes — dois deles já em operação, o
que dá um total de 700 mil hectares cobertos com tecnologia 4G. São eles
Jales Machado, em Goianésia, Adeco Agro (MT) e SLC Agricola (Sul da
Bahia). Até dezembro, a operadora planeja ampliar sua rede para uma
cobertura de 5 milhões de hectares. “Estamos destravando barreiras. Esse
crescimento vai depender de fomento, de desoneração, mas gostamos de
colocar o desafio antes”, diz o diretor da companhia.
CB

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