O mercado de celulares é um dos mais acirrados do mundo. Nos últimos anos, a sul-coreana Samsung e a americana Apple se revezaram na liderança de vendas, mas agora as chinesas Huawei e Xiaomi ameaçam o reinado das concorrentes. Tudo indica, porém, que a disputa ficará ainda mais difícil: a Google, umas das maiores empresas do mundo, aposta alto no setor de telefonia.
De
acordo com um anúncio feito a investidores pelo presidente da Google, o
indiano Sundar Pichai, o celular de baixo custo Pixel 3a, que estreou
nas lojas em maio, foi o principal responsável pelo resultado expressivo
— e até certo ponto inesperado — alcançado pela divisão de celulares da
empresa. Segundo Pichai, as vendas do segmento dobraram no segundo
trimestre em relação ao período anterior, o que levou a Google a
embolsar US$ 9,9 bilhões.
Diferentemente
de Apple e Samsung, que focam os negócios na linha premium, a Google
cresce ao explorar uma área negligenciada pelos rivais – a de aparelhos
considerados baratos, que custam menos de US$ 400.
O
Pixel chegou ao mercado americano em 2016, mas nunca emplacou, ficando
sempre atrás dos aparelhos da Apple e da Samsung. Em 2019, a Google
decidiu lançar uma versão — a Pixel 3a — com menos recursos (uma câmera
frontal em vez de duas, por exemplo), mas com uma característica que
mostrou ser fundamental para atrair compradores: preço baixo. Vendido
por US$ 399, quase a metade do Pixel 3 tradicional, o novo modelo fez
sucesso imediato nos 13 países em que está presente.
Em
entrevista recente, o presidente Sundar Pichai, conhecido pelas ideias
que fogem do lugar-comum, afirmou que há uma multidão, especialmente nos
países emergentes, que precisa ter acesso barato a sistemas de
comunicação, especialmente conexão à internet. Não à toa, o Pixel 3a foi
lançado em países como Índia e Tailândia, embora não tenha chegado ao
mercado brasileiro.
A Google não é a única
empresa a investir em celulares mais acessíveis. A chinesa Xiaomi,
quarta colocada no ranking mundial de fabricantes e cada vez mais
disposta a incomodar as líderes Samsung, Huawei e Apple, também aposta
nessa frente de negócios. Há alguns dias, lançou o Xiaomi Mi A3, que
chamou a atenção principalmente pelo preço sugerido: 249 euros, ou um
pouco mais de R$ 1 mil.
Performance
Embora a empresa não confirme, a expectativa do
mercado é que a fabricante vá ainda mais longe na estratégia, lançando,
no ano que vem um celular na faixa de 200 euros. A chinesa Huawei,
conhecida pelas câmeras de alta resolução, também tem se dedicado a
produzir aparelhos mais baratos e promete rivalizar com Google a Xiaomi
na fabricação de aparelhos de custo final baixo.
O
mercado parece ter percebido que exagerar nos preços pode ser uma
estratégia perigosa. A Apple fez isso com a nova linha de iPhones e viu
as suas vendas despencarem no mundo inteiro. No primeiro trimestre de
2019, segundo dados da consultoria IDC, as vendas globais de iPhones
caíram 30,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Como
resultado, a empresa da maçã perdeu a vice-liderança do mercado para a
Huawei. O primeiro lugar continua com a Samsung, que detém 23% do
mercado mundial.
A Apple lidera com folga o
mercado de smartphones premium. De acordo com a empresa de pesquisas
Counterpoint Research, ela é responsável por 47% das vendas de aparelhos
que custam mais de US$ 400, enquanto a vice-líder Samsung fica com uma
fatia de 25%. Apesar de estar na ponta, a Apple também não vem
apresentando boa performance no segmento premium. Um ano atrás, sua
participação era de 55%.
CB
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