A comissão especial da Câmara que
analisa mudanças constitucionais no sistema eleitoral brasileiro (PEC
77/03) manteve no texto a possibilidade de, se adotado o sistema
distrital misto em 2022, um candidato disputar mais de um cargo no mesmo
pleito – um cargo majoritário e outro proporcional, por meio das listas
preeordenadas.
O colegiado rejeitou, nesta terça-feira (15), destaque do PP para
retirar essa possibilidade do substitutivo do deputado Vicente Candido
(PT-SP), já aprovado na semana passada.
A comissão também confirmou a supressão do substitutivo do artigo que
estabelece que o suplente de senador seja o deputado federal mais
votado do partido.
Fica mantido, portanto, o sistema atual, em que os dois suplentes não
disputam diretamente as eleições e apenas integram a chapa encabeçada
pelo candidato a senador.
Com essas votações, foi concluída a votação da matéria. A PEC também
fixa mandato de dez anos para ministros de tribunais superiores. Além
disso, estabelece novas datas para a posse de presidente (7 de janeiro) e
para governadores e prefeitos (9 de janeiro). Hoje, todos são
empossados em 1º de janeiro.
Trechos já aprovados
O substitutivo aprovado estabelece o financiamento público de campanhas, por meio da criação do Fundo Especial de Financiamento da Democracia. Pela proposta, esse fundo contará com 0,5% da Receita Corrente Líquida da União nos 12 meses encerrados em junho último – o equivalente a cerca de R$ 3,6 bilhões.
Além disso, o texto fixa o voto majoritário
para deputados federais, estaduais e distritais, em 2018, e vereadores,
em 2020 – sistema conhecido como “distritão”, pelo qual é eleito o
candidato que recebe mais votos.
A partir de 2022, de acordo o texto aprovado, passará a valer o sistema distrital misto, em que cada eleitor vota duas vezes.
Metade das vagas será ocupada por eleitos por meio de listas
fechadas, elaboradas previamente pelos partidos, e a outra metade é
definida pelo voto majoritário em distritos menores que os atuais
estados.
O sistema atual é chamado de proporcional – para ser eleito, o
candidato conta com os seus votos e com aqueles dados ao partido ou à
coligação.
Próximas etapas
A proposta é o primeiro passo da reforma política em discussão na Câmara e altera a Constituição. O texto deverá ser discutido e votado no Plenário da Câmara ainda no mês de agosto, segundo previsão do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Depois seguirá para o Senado.
Também nesta terça-feira, outra comissão especial reúne-se às 14h30, no plenário 8, para analisar mais um conjunto de mudanças
na legislação eleitoral. Alguns deputados defendem que primeiro ocorra a
votação da PEC 77/03 no Plenário e depois seja feita a análise das
outras mudanças na legislação.
AC.N.
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